“Não há muitas diferenças em termos de autoridade”
Ok, vou começar de uma maneira não muito legal, mas necessária: que perda de tempo esse episódio. Tudo bem que depois de tomar a pílula B, a gente tem que ver a questão do comportamento (Behaviorism, traduzido) do cérebro em relação aos traumas já trazidos pela pílula A. Mas assim, o episódio só foi bacana pra gente ver como a série faz referência à si própria, mostrando coisas que já tínhamos visto antes, mas em perspectivas diferentes.
Depois de tomar a pílula B e de ter os fusíveis 1 e 9 colados pela “lágrima” da GRTA, Annie e Owen se veem juntos dentro da mesma realidade paralela. Algo bem Black Mirror mesmo, com aquela pitada de anos 80 que é maravilhosa. A questão aqui é que de todos os participantes, eles são os únicos que dividem essa realidade, esta etapa do tratamento de buscar mecanismos de defesa para o trauma. E eles não conseguem perceber isso.
Durante todo o episódio temos referências aos traumas que ambos já viveram, e que vimos durante o uso da pílula A. O caminhão em alta velocidade passando na rua, um frasco de remédios idêntico ao da pílula A, a esposa contando a Owen uma história que não faz sentido algum, o que mostra que o casamento seria uma mentira, como o que ele teve… Esses são pontos que aparecem nessa realidade paralela e remetem aos traumas dos dois, já que dividem este ambiente.
A trama aqui não tem muita importância, na verdade. Podemos citar a parceria que os dois constroem pra salvar o lêmure e a questão do título do episódio com o que a narrativa trata. “Peles de Sebastian” mostra, na minha opinião, que os personagens são densos, que possuem diferentes camadas, e que vestem por cima aquelas que querem mostrar aos outros. Nesse caso, vejo um Owen muito mais inteligente e perspicaz do que aparenta, e uma Annie muito mais dependente emocionalmente do que a cara de durona faz passar.
O bacana da série aqui são as sacadas da direção. Se no episódio anterior tivemos uma iluminação diferenciada à Annie, fazendo referência à pílula B, nesse temos a diferença da luz em relação ao uso da pílula A. Na narrativa dos traumas quando a pílula A é usada, temos uma iluminação mais azulada, enquanto aqui na pílula B vemos uns tons mais esverdeados. Esses detalhes fazem diferença.
Enfim, sigo com minha opinião de que o episódio pouco agregou. Foi algo divertido de assistir, porém realmente desnecessário perdermos um episódio inteiro assim.