Um episódio para entrar na história ou para ser esquecido?
Modern Family fez história na televisão americana ao apresentar um personagem infantil transgênero e discutir o assunto dentro de uma comédia familiar. Isso é um grande avanço dentro da televisão americana, dado o destaque da série e da repercussão que pode causar. Jackson Millarker, que na série interpreta Tom (que costumava se identificar como Tina) faz uma pequena participação no episódio, e isso é o que frustra.
Numa oportunidade rara, Modern Family poderia ter dado mais espaço para a participação de Jackson no episódio além de ser o amiguinho com quem Lilly brinca por alguns segundos até chamar ele de ‘weirdo’ – esquisito. Isso desencadeia uma insegurança em seus pais que se questionam como tratar a questão com a filha e como resolver as suas próprias inseguranças. O episódio até consegue trazer um ótimo momento onde Jay conversa com Cam e Mitch sobre as expectativas que os pais criam sobre os filhos, usando o próprio exemplo de Mitch ser gay e isso não ter sido tão fácil para um pai lidar. O diálogo entre eles é certamente o ponto mais alto do episódio, com Jay fazendo inclusive eles imaginarem como Lilly seria se por acaso se identificasse como Lou – gerando uma série de correções e confusões nos termos usados.
Agora, vamos aos fatos de verdade: essa história que deveria estar no centro das atenções e ser o grande destaque do episódio, foi fraca e apagada. Primeiro que o embate de Lilly chamar o amigo de esquisito foi mal resolvido desde o inicio, enrolado e de maneira muito superficial. As outras histórias paralelas pareceram ter mais importância e tempo de tela que essa discussão. Talvez seja algo gerado justamente para não afastar um publico mais conservador, mas é triste ver algo tão bacana passar desta forma.
Sobre os outros plots: de maneira geral, foram genéricos e dispersos. Não houve uma conexão entre os temas, uma convergência para algum fator que poderia ser aproveitado em todos os núcleos. Nos Dunphy, temos uma Alex doente com mono e tendo que lidar com as loucuras de todos os membros da família, cada um se aproveitando da doença dela para tirar proveito: Claire usando o mau humor da filha para não parecer a chata mandona, Phill usando a filha como ‘cachorro terapêutico’ de um medo bobo, Luke tentando roubar as lições da irmã e Hailey tentando esconder que foi demitida de sua irmã esperta. O tempo de tela desse núcleo foi maior que deveria, pois foram historias bem genéricas e com poucas piadas legais (a melhor foi Phill falando ‘stay’ para Alex depois que ela sai revoltada do quarto, em uma alusão ao comando canino). Fraco demais.
E por fim, temos Jay lidando com a mudança do vizinho negro no dia que ele esta instalando cameras na casa. Outro conflito bem superficial e com uma resolução pouco inspirada. Ainda nesse núcleo, Gloria e Joe num embate para que o filho não se mude para quintal e vire o menino-lobo e Manny totalmente aleatório, falado de comunismo. Gloria tem recebido plots bem non-sense nessa season, estou com pena do que estão fazendo com a ótima personagem de Sofia Vergara.
Em um episódio que marcou a televisão americana, Modern Family decepcionou muito e entregou um episódio muito fraco, que dado a expectativa que tínhamos em cima dele, se concretiza como um dos piores da série. Realmente, uma pena. Mas para não dizer que não falei das flores, Lilly e Joe estão maravilhosos!! Que talento desses dois. Phill e suas 127 horas trancado no closet também renderam bons momentos, com a racionalização do tic tac.
O início da temporada tem sido bem irregular, mas esperamos que melhore em breve. Até semana que vem!