Existe vida na série sem Elliot?
Nesse episodio a resposta fica como um não, já no próximo, fica para o sim. Semana passada, depois de receber a notícia que Elliot está na cadeia, todo mundo ficou louco para saber por que motivos ele tinha sido preso. Tyrell? O atentado? Não tão rápido assim, como se já não bastasse ter de esperar uma semana, fomos pegos no primeiro episódio que o Elliot não dá as caras, ficando para FSociety e Angela assumirem a conta, que só veio ser paga no outra semana, o que para mim, não deixou de ser um banho de água fria.
A vez dos secundários. Toda série em alguma parte de sua trajetória tem que dar certo destaque a seus coadjuvantes, mostrar suas histórias, variar o foco, dar uma respirada. E aqui começamos com o primeiro encontro de Mobley e Trentom, até então sem muito destaques. Nesse começo já externaram minha indignação. “Eu pensei que íamos encontrar Elliot” Mobley diz, e eu também. Mas diferente deles, só vinte minutos depois que fui perceber que Elliot não apareceria literalmente.
Dando continuidade ao gancho deixado na semana passada, o evento que a FSociety estava vendo era uma conferência por telefone do FBI. Vão lá, hackeam, tudo lindo, fácil, maravilhoso. Que a cultura hack está passos à frente do governo isso eu sei, mas esperava mais precaução do FBI com uma conversa tão importante, e logo depois de terem sido atacados, parece burrice. De todo jeito a conversa vazou, bem Lula e Dilma, com informações no mínimo preocupantes. Três milhões de cidadãos presos sob vigília sem mandato de prisão por suspeita ao atentado, além de acesso a todos os smartphones disponíveis. Em seu video gravado Darlene trás à tona questões de privacidade nessa vida globalizada com seus Whats, Face, Snap, Pokemon Go e informações privilegiadas que essas empresas têm sobre nós. Até onde nossa privacidade deve ser preservada para o nosso bem e o bem comum? Será que essas informações estão sendo usadas a nosso favor ou contra? Onde essa forma de controle sobre nosso íntimo, quatro paredes, vai parar? 1984 de George Orwell manda um beijo sobre o assunto. Se ainda não leu, não perde mais tempo.
Para piorar um pouco, ou encher linguiça, aparece a dona do apartamento que a FSociety havia invadido. Toda a trama foi meio filler. Amarram, solta, depois mata, sendo que quando a mulher entrou na casa, seu atestado de óbito foi assinado, não tinha como ela sair viva. Conflitos internos éticos e morais, para depois Darlene descobrir se tratar da assassina de seu pai. Sem pena, não deixou barato, e além da culpa, acabou tendo de transportar um corpo no metro dentro de uma mala, ainda não tinha visto essa artimanha usada e meu deus, adorei. Gosto muito da personagem, tudo nela é certo, seu ar blazé, frio, badass, mas nessa ela não deu, talvez pela falta de desenvolvimento e água fria mesmo. Principalmente no final quando ela acerta o Cisco por aparentemente estar trabalhando para a Dark Army (todo mundo já sabia) e a monitorando para começar a fase dois, sabendo eu que aquilo não significava nada demais e que no outro episódio eles estariam bem de novo. Dito e feito. Tentaram criar tensão, mas não deu, só mostrou o quanto ela está paranoica e do como Elliot faz falta.
Angela saiu para beber e pegar boys nesse feriado. Participação rápida, mas não sem dar uma boa esculhambação num senhor do bar que a desmerece por ela ter vendido seus valores, cara super aleatório no contexto, mas que para o mundo de Mr Robot parece natural sair humilhando os outros no meio do nada. Ela se atinge, dá para ver, o lado que ela apoiava não a reconhece mais, a despreza, semana passada seu pai, nessa um quase desconhecido. Agora ela oficialmente é do outro lado, o que lutava contra, a Evil Corp, aos 27, carreira ascendente, salario bom, só está começando. Bons parâmetros de vida no mundo capitalista, se for isso que você estiver interessado. Mas o interesse de Angela mesmo é em Sugar Daddys como se pode ver.
Dom vai só ladeira a baixo nesse, vê todos seus esforços se esvaírem. Depois da conferencia vazada o FBI está um caos com a credibilidade manchada e só afundando. Ela está bem perto, tem Angela e Mobley agora na lista, com ele joga pesado, velhas táticas de espera e interrogatório numa sala. Mobley pode ser desconfiado mais para medroso, só que de besta ele não tem nada. Soube segurar a onda e o bico, não se incriminou ou ficou nervoso, esperou para ouvir suas acusações fraquinhas e depois pediu um advogado. Assim que se faz. Em partes. Mobley não demora a tomar providencias, sempre se tem que estar pronto para fugir, mas parece não ter adiantado muito todo seu cuidado em não deixar rastros. Há a possibilidade dele ter conseguido fugir, mas seu atraso de duas horas no encontro com Tretom sugere outra coisa. Foi pego. Dark Army?
Episódio legalzinho, mas não consigo deixar de senti-lo como um tapa buraco, coito interrompido, aquelas chamadas de intervalo no programa de João Kleber quando você acha que já ia descobrir o motivo da menina se prostituir por um x-burguer. Ruim não foi, mas Elliot já nos deixou no stand-by demais nessa temporada para quando soltar a bomba nos levar para lá de novo. Chega o próximo logo.
Encerrando o Windows: Android versus IOS, até que enfim alguém tirou para provar experimentalmente quem é mais rápido e acabar com as discussões de uma vez por todas. Só porque seu Iphone é mais caro não é melhor. Sorry.